sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Escarlate





Para mim era apenas uma criança
A alma mimada calçada de preconceito
Mas cresceu e se fez bela
Transformei-me em fera de desejo
Julguei que seria mulher de esquina
Vendendo seus pedaços por ouro de tolo

Envenenei-me nesse medo de perdê-la
Construí tua morte em meu peito
Mas quero engolir-te para amar-te
Dei lhe maçã do amor e ódio, passionalidade
Sedução, caíste em meus braços, gelada e branca

Branca como a neve e inaugura
Mas sabe que é minha e morre de dor
Deixe-se levar, a paixão é sangue


O casamento, venda de promessas é morte!

Tatuagem




Beijos são comuns, mas os seus são meus
Meus sonhos, meus vícios
Corpos tem suas formas, mas o seu
O seu é o meu desejo, minha paixão
Sua cor é como uma luz nos meus dias
Ilumina o meu tesão e me faz delirar

Suas curvas, seus seios, suas pernas, seu sexo
Tudo isso pintou minha pele
Entrou com força, me fez sangrar e ficou
Aqui no meu peito como uma tatuagem

Tatuagem onde vejo nosso amor e nossa guerra
Luta para vencer a dor e distância
Então te cubro de amores de todas as cores
De todas as formas que você desejar

Posso me pintar, escrever e mudar o mundo
Só pra você nunca esquecer da minha tatuagem
Não se esqueça do meu cheiro, o meu cigarro
Se lembre do que sinto e do nosso jeito de fazer amor
E o principal, do nosso amor que não sai
Não se perde, é como tatuagem


TE AMO!!!

Poesia de pedestre




sou pura noite, vagabundagem
no concreto
não pretendo ser feliz
é a terceira vez que morro
nessa vida de cometa

religião é coisa de fraco
poeta trança na crença
na rua das noites que atravesso
não hesito a minha espora

preguiça de sol é luz imunda
de meus dias a pé e longe
meu único tédio
que ninguém visita

na faixa branca de pedestre
rezo pelo reformato lúcido
do inferno e do céu

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Ninguém


Gostaria de ser ninguém
Porque ninguém se apaixona
Ninguém é bonito ou feio
Ninguém é bom ou não erra
Ninguém deixa de sofrer por amor

Só assim ninguém percebe
As mãos e minhas palmas flageladas
E eu não caibo nos olhos de ninguém
Ninguém pode se entregar
A parecer-se com o ninguém que sou
Ou apaixonar-se comigo

Assim como esses ninguém existem
Resta a mim uma burrice
Um dedo podre chamado amor
Que não vem do coração
E sim da língua
Essa palavra de ninguém

Travesti


Strass,miçanga e lantejoulas
Para vestir um homem forte
Pó,base, rímel, batom,lápis e sombra
Conduzem um rosto feminino
São enchimentos e saltos que equilibram o coração

No meio da Praça sete em bh
"Eu vou sobreviver"
Pode bater,cuspir e torcer o nariz
"I will survive"

O homem ou mulher cansados
Das confissões de armário
Reúne o mundo aí dentro
Encara pedradas e abusos fatais

A família é sociedade e chora
Porém o que levo pra cama não lhe pertence
Sou única e separada de doenças
Eu sobrevivi enfim

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

DOR



DE LETRAS PEQUENAS ELA É CURTA
MAS INCOMODA ATÉ MEU VÔMITO
O MAL ESTAR É ESTAR CONFUSA
SEM AMOR COM FALTA
DE EDUCAÇÃO OU CARINHO

MEU ERRO É ESSE DEDO PODRE
PARA AMAR

HÁ QUE SE FAZER AS UNHAS!

sábado, 22 de setembro de 2007

Kerouac



Jack KerouacPoema 230, de México City Blues, é um poema escrito puramente sob efeito de morfina. Cada verso deste poema foi escrito após um intervalo de uma hora... doido com uma grande dose de M.


O amor é o cemitério populoso da podridão.
O leite derramado dos heróis.
Destruição de lenços de seda pela tempestade de pó.
Carícia de heróis vendadospresos nos postes.
Vítimas de assassinatos aceitas nesta vida.
Esqueletos trocando dedos e juntas.
A carne trêmula dos elefantes da gentileza sendo despedaçada pelos abutres.
Concepções de rótulas delicadas.
Medo de ratos espalhando bactérias.
A Fria Esperança da Gólgota pela Esperança do Ouro.
Úmidas folhas de outono contra o casco dos barcos.
As delicadas imagens de cola do cavalo-marinho.
Morte por longa exposição à desonra.S
eres assustadores encantadores ocultando seu sexo.
Pedaços da essência de Buda congelados e fatiados microscopicamente em morgues do norte.
Pômos do pênis a ponto de semear.
Mais gargantas cortadas que grãos de areia.
Como beijar minha gata na barriga.
A suavidade de nossa recompensa